Em Portugal existem cerca de 200 explorações mineiras abandonadas, o que levaram à degradação dos ecossistemas em redor, e com a consequência da extração e tratamento de minérios ocorreram a contaminação por metais pesados dos solos e águas que subsistem até aos nossos dias.
Atualmente Portugal só têm 2 minas no ativo, as Minas de Neves Corvo situada na Faixa Piritosa Ibérica e as Minas da Panasqueira (Barroca Castelo Branco). Nos últimos anos realizaram uma série de estudos nas diversas minas, o que se tem vindo a vereficar que as plantas autóctones tem tido um papel importante na absorção de metais pesados. Entre as plantas estudas estão as espécies: Cistus inflatus, Cistus lanadifer, Pinus pinaster (Pinheiro Bravo), Cytisus multiflorus, Arbutus unedo L. (medronheiro). A capacidade das plantas em sobreviver em áreas mineiras, deve-se ao desenvolvimento de um conjunto de estratégias de tolerância a elevadas concentrações de elementos químicos. Estas mais valia das plantas estarem presentes nas zonas mineiras, contribuiram para minimizar os impactos físicos, químicos e paisagisticos desta atividade, e ainda incentivarem a biodiversidade nessas áreas e contribuirem para pedogénese (ou seja o processo natural de formação do solo). O que se observou , que as plantas do género Cistus crescem espontâneamente nas antigas minas abandonadas, entre as plantas mais importantes estão Cistus ladanifer e o Cistus inflatus pela sua capacidade de absorver o chumbo(Pb) em duas áreas mineiras abandonadas, Mina do Braçal e a Mina de S. Domingos em que os valores de Pb encontrados nos solos (200mg/kg), em que ultrapassa largamente os valores admitidos pela legislação portuguesa (50-300mg/kg consoante o pH) na qual foi analizado do teor Pb na C.inflatus (99,6 217 mg/kg) e na C.ladanifer (40,4 48,6 mg/kg), estas plantas apresentavam ainda um bom desenvolvimento, de porte normal comparado com aquelas em solo normal, ou seja estas plantas propocionam uma boa cobertura do terreno, diminuindo drásticamente a erosão hidrica e eólica dessas áreas degradas.
Foto 1 Cistus inflatus
Foto 2 Cistus ladanifer
Num outro estudo realizado nas Minas Neves Corvo, também concluí-se que a Cistus ladanifer, ainda tem capacidade de absorção de estanho (Sn), em que os solos apresentaram teores inferiores de Sn aos das plantas, o que indica claramente a sua capacidade em adaptar-se em solos altamente contaminados. Segundo um estudo feito nas Minas S. António(Penedono) no qual foram explorados ouro e arsénico, sem um complexo bastante degradado e que as escombreiras (depósitos de residuos das minas), estão sujeitas a intensa erosão hidrica e eólica, com valores de arsénico(As) e cádmio (Cd) e de chumbo(Pb), bastante elevados, mas o impressionante é que se nota nessas escombreiras o desenvolvimento plantas Pinus pinaster , Cytisus multiflorus e gramíneas do género Agrostis, em que estas plantas não só toleram as concentrações elevadas de As como translocam para a parte aérea teores acima da média para a maioria das plantas, sem sequer apresentar sintomas de fitotoxicidade, para além ainda de estabilizarem a escombreiras, e as escorrências das águas de drenagem das zonas vegetalizadas por estas plantas nota-se um decréscimo drástico de todos os elementos tóxicos em especial o As, e onde não existia vegetação na escombreiras, as águas apresentavam valores 1600 x o valor máximo recomendável.
Foto 3 - (Pinus pinaster)
Foto 4 Cytisus multiflorus
Foto 5 Escombreira em processo de estabilização
Relativamente ao Arbutus unedo L.(medronheiro), estas árvores uma espécie típicamente mediterrânica, com forte resisteñcia aos incêndios florestais, com grande capacidade regenerativa, segundo estudo para a Mina da Panasqueira, uma das mais importantes explorações mineiras em Portugal, situada na Serra da Estrela, uma zona económica e socialmente deprimida da Beira Interior, a escolha do medronheiro como fitoestabilizador, se deve ao aproveitamento do fruto na produção de aguardente como impulsionador económico.
Foto 6 Arbutus unedo L.
Esta mina ainda funcionamento, procurou-se a necessidade de estabilizar e minimizar a escorrências das águas contaminadas; os metais encontrados em elevadas concentrações são: Arsénico (As), Cádmio (Cd), Cobre (Cu), Chumbo (Pb), Estanho (Sn), Tungsténio(W), Zinco (Zn) nos solos e aquíferos adjancentes. O estudo feito demonstrou que esta árvore é bastante tolerante a altos teores dos metais atrás referidos, e a concentração dos elementos vestigiais na parte aérea da planta são muito baixos, assim os frutos podem ser utilizados sem perigo para a saúde humana. O Paisagismo Ecológico assume um papel importante na recuperação de espaços degradados, respeitando o ecossistemas, descobre-se que a Natureza assume o papel de equilibrar os erros feitos pelo Homem; parecendo que não, protegendo o próprio o Homem sem pedir nada em troca.
Estes estudos apontam também para a necessidade do uso das plantas autóctones como processo de recuperação de ecossistemas e não uso de plantas exóticas, o que tem sido o erro comum na recuperação de espaços degradados.
por Samuel D.F. Teixeira, abril - ano 2011 Ecoglobal - Paisagismo Ecológico ecoglobal.st@gmail.com
Fonte Revista de Ciências Agrárias, da Sociedade de Ciências Agrárias de Portugal
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