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PRINCIPAIS ESPÉCIES DE BROMÉLIAS

Autor: Rômulo Cavalcanti Braga - Data: 12/04/2014
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As Bromélias são as Aristocratas florais da natureza. Elas exibem uma incrível variedade de formas e tamanhos e, quando florescem, uma paleta de cores impressionante e extraordinária é exposta. Algumas variedades possuem flores elegantes com as pétalas que vão do branco ao arroxeado e podem exalar uma suave fragrância que a tornam uma atração irresistível no ambiente onde se encontram.


Bromélias nativas

Parece quase impossível de se acreditar que flores tão pequenas - algumas com cerca de até um centímetro - possuam um perfume tão intenso e agradável, que se sente a considerável distância. Seus perfumes são ricos em contrastes e notas que nos invade os sentidos nos transmitindo a sensação de prazeres únicos de bem-estar e aconchego. Estas plantas são nativas dos diversos biomas do planeta, a maioria tem como habitat as áreas tropicais e subtropicais das Américas, grande parte é endêmica da América do Sul. Algumas crescem como plantas de ar nos troncos e galhos de árvores, outras espécies envolvem suas raízes em torno das rochas porosas, e ainda há aquelas como o abacaxi e as estrelas da terra que crescem no solo.
As Bromélias são um dos nichos ecológicos mais importantes da natureza. A beleza das Bromélias brasileiras já seduziu os naturalistas europeus nos séculos dezoito e dezenove e continua encantando Paisagistas e Decoradores. Mas o fascínio é uma espada de dois gumes, que se virou contra a própria espécie, pois uma das maiores ameaças a tais plantas, hoje, é a coleta predatória para fins ornamentais.
Há poucas campanhas educativas, quase nenhuma fiscalização e, pior, o nível de conscientização sobre o risco de extinção é algo perto de zero. Para complicar, nas regiões mais sujeitas à epidemia da dengue, as Bromélias têm sido vítimas do preconceito e eliminadas de forma inclemente, em nome da saúde pública. Mais do que belas, as plantas dessa extensa família, com mais de duas mil espécies, são "um verdadeiro milagre, uma revelação extraordinária", nas palavras do falecido Arquiteto e Paisagista Roberto Burle Marx.
Em especial, a capacidade de armazenar água em suas folhas confere às Bromélias - principalmente as chamadas Bromélias-Tanque - um papel fundamental na manutenção da diversidade biológica, em todos os ecossistemas onde ocorrem: das florestas tropicais úmidas às dunas de areia, das baixadas encharcadas aos rochedos expostos no alto dos morros. Em certas regiões de restinga - a faixa intermediária entre as praias ou mangues e a Mata Atlântica - o ambiente pode ser quente e hostil. E as bromélias chegam a ser os únicos suprimentos de água doce disponível para pequenos animais, verdadeiras cisternas naturais, capazes de armazenar de um copo a um balde cheio. Geralmente límpida e transparente, a água estocada entre as folhas contém sais minerais, ácidos orgânicos e outros nutrientes que fazem das Bromélias universos em miniatura, dos quais dependem centenas de organismos. Além das famosas larvas de mosquitos, dentro ou em torno das Bromélias vivem Libélulas, Aranhas, Sapos, Pererecas, Aves, Morcegos, Cobras e até Crustáceos.
São mais de quatrocentas espécies de animais, de alguma forma ligados a sobrevivência através das Bromélias. Muitas fazem das plantas sua moradia. Outras as frequentam para caçar, beber ou apenas molhar a pele. Outras ainda as polinizam ou buscam seu néctar e frutos.
No calor das restingas ou no auge da seca do sertão nordestino, dos cerrados e das matas do Centro-Sul brasileiro, as Bromélias também são fonte de água para anfíbios e répteis, aves e até mesmo mamíferos, como Sagüis, Micos, Macacos, Cachorros-do-Mato e Quatis. Para os Bugios (Alouatta Guariba) e os Muriquis (Brachyteles Arachnoides e Brachyteles Hypoxanthus), a água das Bromélias chega a ser a diferença entre a vida e a morte, sobretudo durante a estação seca.


Muriqui - pt.wikipedia.org


Bugio - www.fotosdanatureza.blogspot.com

Boa parte da população dos dois grandes primatas resiste em fragmentos florestais, relativamente restritos e próximos do homem. Alguns fragmentos já não abrigam nascentes ou rios e as Bromélias passaram a ser a única fonte segura de água. Mesmo onde existem cursos d'água, para tais espécies é muito arriscado deixar a copa das árvores, porque elas se exporiam a predadores - incluindo o homem - num ambiente onde não têm a mesma agilidade para fugir ou se esconder. A água das Bromélias, ao contrário, é uma reserva segura, já armazenada no alto das árvores, onde vivem. Nesse microcosmos de sobrevivência as principais espécies conhecidas e hoje muito utilizadas no Paisagismo são as seguintes variedades:

Aechmea

Aechmea

Este gênero multifacetado oferece aos Paisagistas e Colecionadores, uma rica variedade de espécies bonitas e interessantes híbridos. O nome Aechmea vem do grego - Aichmé - que significa ponta de lança. O gênero compreende ao todo cento e setenta e duas espécies.


Aechmea fasciata - pt.wikipedia.org

As Aechmeas constituem um grande gênero de bromélias, apresentando-se largamente distribuídas na natureza desde o México até a Argentina. Quase todas as espécies deste gênero formam rosetas fortes e abertas, retendo água no centro. Possuem bons sistemas de raízes, que não apenas as ancoram em seus hospedeiros - pois elas são na maioria epífitas - mas também buscam alimentos a partir dos detritos decompostos que se acumulam na casca enrugada das arvores onde vivem.


Aechmea fasciata pt.wikipedia.org

As hastes florais são muito vistosas, permanecendo assim por longo período, não obstante o fato de que cada floriculo individual dure apenas um ou dois dias. As flores podem ser brancas, amarelas, rosa - choque, vermelhas ou púrpuras, emergindo de brácteas brilhantemente coloridas e quase sempre de cor diferente. Frutos em formas de bagas são produzidos após a floração, sendo de uma maneira geral, fortemente coloridos e durando por vários meses na planta.
Todas as Aechmeas são de cultivo muito fácil e são muito resistentes, podendo ser utilizadas como plantas de interior, já que são capazes de aceitar a baixa umidade do ar que predomina em geral nos ambientes fechados. É certo, entretanto, que se adaptam melhor num local bem iluminado, como uma sala de estar, onde os raios de sol não incidam diretamente sobre ela.

Alcantarea Imperialis


Alcantarea imperialis en.wikipedia.org

A Bromélia Imperial é uma planta herbácea, rupícola, de grandes proporções e elevado valor ornamental. Ela é acaule, com folhas longas e largas, coriáceas, com superfície cerosa, dispostas em roseta e formando um "cálice" no centro da planta, onde acumula água e nutrientes. Pode atingir cerca de dois metros de diâmetro quando adulta. Suas raízes são fortes, fibrosas e se prestam não somente para nutrição da planta, mas principalmente para sua forte fixação sobre o substrato. Essa característica permite que esta Bromélia se fixe em paredões rochosos verticais. De crescimento moderado, ela pode levar dez anos para atingir o porte adulto e florescer. Sua inflorescência é do tipo espiga e pode chegar a três metros e meio de altura. Ela apresenta brácteas de cor avermelhada e flores delicadas, com estames longos, e cor branco-creme ou amarelas, muito atrativas para abelhas e beija-flores. Ocorrem variedades de folhagem vermelha, arroxeada e verde, além de tonalidades intermediárias dessas cores.


Alcantarea imperialis www.pro.casa.abril.com.br

Após a floração, assim como ocorre com outras Bromélias, a planta morre. Mas geralmente elas deixam brotos de novas Bromélias na base. Esta planta espetacular é cada vez mais popular no paisagismo tropical e contemporâneo. Sua forma escultural, seu porte e cores vibrantes a tornam um elemento de impacto mágico no jardim, confere um toque exótico a vários tipos de composições, especialmente em jardins de pedras. Seja utilizada isolada ou em grupos. Sua beleza tropical se destaca entre as rochas e em conjunto com outras espécies de Bromélias. Também pode ser cultivada em grandes vasos. Após ser popularizada por Roberto Burle Marx, ela ficou mundialmente famosa e tem havido uma explosão de interesse por esses exemplares. Após serem utilizadas nos trabalhos paisagísticos de Burle Marx, ouve um despertar de paisagistas e jardineiros com uma febril busca por exemplares.


Alcantarea odorata

Isso fez que muitas plantas fossem arrancadas de seu habitat para serem utilizadas nos jardins e projetos paisagísticos. Posteriormente, com o surgimento do Aedes Aegypti, um grande número de plantas foram e têm sido erroneamente exterminadas por serem supostos vetores da Dengue e da Malária.
Infelizmente os Agentes das Secretarias de Saúde Estaduais são mal treinados e informados a respeito das Bromélias. Esta destruição por atacado e a remoção de plantas na natureza tem causado um imenso impacto sobre o ecossistema, pois as Bromélias são o lar de inúmeras quantidades de pequenos mamíferos, insetos, répteis, anfíbios e pássaros. Além disso, as grandes quantidades de néctar e pólen produzidos pelas Alcantareas Imperialis durante os cinco meses de floração, formam importantes fontes de alimentos para todas essas criaturas. Com isso a espécie está ameaçada de extinção, jamais compre mudas que foram retiradas do ambiente natural, prefira plantas oriundas de floriculturas certificadas pelo IBAMA.

AGUARDE O PRÓXIMO CAPÍTULO!!!

Rômulo Cavalcanti Braga é especialista em Tillandsias e um grande produtor.
Contato: romulocbraga@uol.com.br
Ouro verde - boiatche bromeliario

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