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Paisagismo: O perigo das plantas invasoras

Autor: Regina Motta - Data: 08/11/2012
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Relatório da ONU afirma que a segunda maior ameaça à biodiversidade do Planeta está nas 11 mil espécies invasoras, tanto animais quanto vegetais. Apenas a destruição dos habitats suplanta esta ameaça.
Os invasores caçam espécies nativas e competem com elas por alimento e espaço. Combater as espécies invasoras, que se instalam onde não têm predadores é uma tarefa difícil que precisa ser levada a sério.
A remoção de animais e plantas invasoras tem resultados concretos, segundo a Convenção sobre Diversidade Biológica, vinculada à ONU. Livres de seus concorrentes, os mamíferos vêem aumentar sua chance de sobrevivência em 5% - entre as aves, este índice é o dobro.


Formicivora littoralis - Formigueiro do litoral
Foto Tatiano Colombo Rubio
fonte:www.imcbio.gov.br

Algumas organizações como o Inea, a Save Brasil (BirdLife International) têm apoiado o trabalho de cientistas da Uerj, que tentam salvar o formigueiro-do-litoral, a quarta ave mais ameaçada de extinção da Terra, na região do Rio de Janeiro. Ameaçados por predadores como o mico-estrela e o sagui-de-tufo-branco originários do Cerrado e da Mata Atlântica nordestina, que se encontram distantes do seu habitat natural. Eles são recolhidos e levados para áreas de preservação.


Callitrix penicilata - Mico Estrela
Fonte www.parquecaosentado.blogspot.com.br


Callitrix jacchus - Sagui-de-tufo-branco
Fonte: www.pnuma.ba.gov.br

Nas ilhas, onde animais e plantas estão isolados - e, portanto, menos acostumados à competição -, as espécies nativas são mais vulneráveis. Nesses ambientes, invasores são a principal causa de redução da biodiversidade.

O Brasil é o país de maior biodiversidade (variedade de vida) do mundo e esse patrimônio hoje está ameaçado não só pela devastação, mas também por outra ação humana - a introdução de plantas estrangeiras ou exóticas. Segundo a ONU, a invasão biológica pode ser considerada atualmente a segunda maior causa de perda de biodiversidade no mundo.
Podemos definir espécies invasoras como sendo espécies exóticas com alta capacidade de crescimento, proliferação e dispersão, capazes de modificar a composição, estrutura ou função do ecossistema


Jaqueira - Artocarpus heterophyllus
Foto Regina Motta

No Rio, por exemplo, a jaqueira é uma invasora nociva para a flora e a fauna nativas. Basta conferir alguns trechos da Floresta da Tijuca e ver que a árvore não divide espaço com qualquer outra espécie. Quando se instala num local, atrai animais, que, até então, alimentavam-se de insetos. Esse fenômeno provoca um grande descontrole populacional. Ela parece ter substâncias químicas nas raízes que mudam a composição do solo, inviabilizando o crescimento de outras plantas.

Definições de plantas em relação ao habitat:

Espécie nativa: espécie que evoluiu no ambiente em questão ou que lá chegou desde épocas remotas, sem a interferência humana.
Espécie exótica: espécie que está em ambiente diferente de seu local de origem, por ação do homem (intencional ou acidental).
Exótica casual: espécie fora de seu ambiente de origem, sem a capacidade de formar população persistente.
Exótica naturalizada: espécie fora de seu ambiente de origem, capaz de formar população persistente e de conviver com a comunidade nativa sem invadir ecossistema natural ou antrópico.
Invasora: espécie exótica em ecossistema natural ou antrópico, que desenvolve altas taxas de crescimento, reprodução e dispersão.
Praga: espécie exótica ou não, indesejável no local por razões geralmente econômicas.
Superdominante: espécie nativa que se comporta como invasora, mediante desequilíbrio ambiental.

As ações humanas são certamente os principais fatores que criam oportunidades para episódios de invasão biológica, seja pela introdução proposital ou acidental de novas espécies, ou por distúrbios provocados no ambiente físico ou na própria comunidade.
No caso das plantas, são frequentes causas de invasão biológica o revolvimento ou a fertilização do solo, alterações microclimáticas, ou ainda, a eliminação de espécies indesejáveis, deixando oportunidades de nicho a outras.
No Brasil, podemos citar algumas espécies de plantas catalogadas como invasoras que têm potencial de invadir ambientes florestais ou abertos: samambaias do gênero Pteridium e a palmeira Archontophoenix cunninghamiana H. Wendl além de algumas Poaceae.

A samambaia do gênero Pteridium sp, invasora em diversos países neotropicais, tem sido descrita como uma espécie agressiva, capaz de provocar danos à vegetação. No Brasil, ela é amplamente distribuída, podendo chegar a 3 m de altura, sendo considerada, por alguns fazendeiros, impossível de ser erradicada. Vários estudos têm mostrado que Pteridium é tóxica para o gado.

A família das gramíneas (Poaceae) apresenta também uma grande quantidade de espécies que se tornaram invasoras no Brasil, especialmente os capins de origem africana, trazidos para a formação de pastagens, tais como Hyparrhenia rufa (Nees) Stapf (capim-jaraguá),Urochloa spp. (braquiárias), Panicum maximum Jacq. (capim-colonião) e Melinis minutiflora Beauv. (capim-gordura).
Nos ambientes quentes e abertos, como campos e cerrados, tornaram-se sérias ameaças à biodiversidade, pois, além de competirem com as populações nativas, podem alterar o regime de fogo das áreas invadidas devido à produção de grandes quantidades de biomassa, altamente inflamável na época seca, propiciando a ocorrência de incêndios.
Os efeitos nocivos das gramíneas exóticas, porém, não se restringem à competição com as plantas nativas.
A fauna também pode ser afetada, especialmente pela substituição de espécies que lhes serviam de alimento, ou por modificação de habitat. Por exemplo, a patativa-verdadeira (Sporophila plumbea), ave granívora típica de beira de mata e vegetação ribeirinha e que ocorre nos cerrados paulistas, não se alimenta das gramíneas exóticas e, por isso, está desaparecendo das áreas invadidas, encontrando-se hoje em perigo de extinção local.

Outro grupo de gramíneas com potencial invasor em florestas brasileiras são os bambus lenhosos Guadua tagoara (Ness) Knuth,G. weberbaueri PILG. e G. sarcocarpa Londoño & P.M. Peterson, que dominam as paisagem florestais onde ocorrem.


Guadua angustifolia - bambu

Na região amazônica, foi observado que a presença dos bambus G. weberbaueri e G. sarcocarpa reduz drasticamente a riqueza de espécies arbóreas, além de diminuir em 50% a biomassa de áreas de terra firme. Por ocuparem o dossel das árvores, essas plantas podem comprometer a chuva de sementes e a regeneração das espécies arbóreas e provocar danos estruturais, levando esses indivíduos à morte.

Dentre as plantas invasoras com porte arbóreo, destacamos aqui a palmeira australiana Archontophoenix cunninghamiana H. Wendl. & Drude. Essa espécie foi introduzida no Brasil para uso ornamental, mas acabou se tornando invasora de fragmentos florestais remanescentes no estado de São Paulo.



Archontophoenix cunninghamiana H. Wendl. & Drude
Foto: Ricardo Cardim

Remanescente de Mata Atlântica em São Paulo (Cidade universitária USP) invadido por palmeira de origem australiana. No lugar de dezenas de espécies nativas diferentes como angicos, palmitos, perobas e canelas, somente ela - dispersada por pássaros generalistas.
Fonte: http://linkrvoresdesaopaulo.wordpress.com/plantas-invasoras-lista/

A alarmante capacidade de expansão de A. cunninghamiana decorre de suas características de propagação - floresce e frutifica o ano todo, com mais de 3.600 frutos em cada cacho e dispersão, pois seus frutos vermelhos são muito atrativos a várias espécies de pássaros generalistas , além de ser pouco exigente quanto às condições de luminosidade e água. A crescente disseminação dessa espécie por produtores de palmito, especialmente nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul é extremamente preocupante, dado seu potencial invasor, podendo disseminar-se pelos fragmentos remanescentes de Mata Atlântica e causar incalculáveis prejuízos à biodiversidade nativa.

Algumas invasoras:


Foto: Ricardo Cardim
Cinamomo - Melia azedarach
Origem: Ásia.
Capacidade de invasão - agressiva, formando populações puras.
Dispersão - através de pássaros.
Árvore de grande porte, cresce rapidamente e abafa a vegetação nativa.



Maria-sem-vergonha - Impatiens walleriana
Foto: Ricardo Cardim
Origem: África.
Capacidade de invasão - agressiva, formando densas populações no sub bosque das matas nativas.
Dispersão - sementes.


Foto: Ricardo Cardim
Pinheiro -Pinus sp.
origem: América Central e do Norte.
Capacidade de invasão - extremamente agressivo, formando populações puras e muito densas.
Dispersão - sementes pelo vento.
Árvore muito utilizada em silvicultura, principalmente na década de 1960 a 1980. As existentes na malha urbana vieram principalmente de mudas dadas como brinde em antigas ações ditas ecológicas nas décadas passadas e foram plantadas pela população.

As invasoras, além do desfalque à biodiversidade, doem no bolso das principais economias do mundo. Segundo a ONU, essas espécies já provocam prejuízos de US$ 1,4 trilhão, o equivalente a 5% do PIB global, em áreas como agricultura, comércio e turismo.
Medidas preventivas, como programas de informação à população, legislação específica para importação e exportação de espécies, interceptação e tratamento de material potencialmente causador de invasões biológicas, programas de monitoramento em áreas naturais, dentre outras iniciativas, devem ser implementadas juntamente com estudos para o desenvolvimento de técnicas de controle e erradicação de espécies exóticas invasoras.

Fontes: http://cienciaecultura.bvs.br/
http://linkrvoresdesaopaulo.wordpress.com/plantas-invasoras-lista/

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