Continuando o nosso Curso de Cultivo de Orquídeas
ONDE DEVEM SER COLOCADOS OS VASOS DE ORQUÍDEAS
As orquídeas podem ficar em áreas externas a casa, em varandas, pérgulas, casas de vegetação (estufas, telados, etc.), em jardins (às terrestres) ou no interior da casa, próximos janelas. A planta deve ficar em um local com iluminação, ventilação, temperatura e umidade apropriadas, exigências que variam para as diferentes espécies, conforme será detalhado posteriormente. Em apartamentos deve-se produzir ar úmido na vizinhança imediata da planta. Uma maneira fácil de conseguir a adequada umidade é encher um prato em forma de bandeja com pequenas pedrinhas e areia, e encher de água até quase a borda (não esquecer a borra de café para evitar a dengue!). Coloque o vaso da planta em cima das pedrinhas, devendo o fundo do vaso ficar em contato com a umidade do substrato.
Como em Manaus e na maioria da Amazônia a temperatura e é elevada durante todo o ano (média das máximas anuais em torno de 31,5º e média das mínimas anuais em torno de 23,5º), podemos nos considerar dentro de uma estufa e, portanto, este tipo de casa de vegetação não se justifica em nossa cidade.
Para os que têm uma quantidade razoável de plantas, o ideal é a construção de uma casa telada ou um ripado, para prover as orquídeas um sombreamento adequado.
O ideal é que ele tenha a orientação leste-oeste.
As dimensões, naturalmente, ficam a critério do orquidófilo; recomendamos, entretanto, que a largura do módulo seja de 3 a 5 metros; é desejável que o tamanho possa ser aumentado conforme as necessidades.
A altura deve ficar entre 2,5 e 4,0 metros; nos telados ou ripados com mais altura a alternância de luz e sombra sobre as folhas é mais rápida, e isso é melhor para as plantas, pois se evita que essas sejam queimadas pelos raios solares. Dentro da casa de vegetação os vasos podem ser dispostos sobre bancadas (de ripas ou telas metálicas rígidas, para evitar acúmulo de água) ou pendurados em fios de arame (suportes feitos com arame galvanizado nº. 18).
Os vasos suspensos têm a vantagem de ficarem protegidos de pragas como as lesmas e "tatuzinhos". O sistema de bancadas poupa espaço porque comporta mais vasos por área.
Os vasos devem ficar em uma altura que permita boa visualização das plantas e que não dificulte as regras e aplicações de fertilizantes e defensivos.
O sistema de cultivo em bancas coletivas, adotado principalmente pelos que cultivam orquídeas em escala comercial, é impróprio para nossa cidade porque retém excessiva umidade, prejudicial é maioria das espécies de nossa região.
O telado ou ripado - são soluções práticas e econômicas e bastante apropriados para as nossas condições climáticas.
Na sua construção podem ser empregados vários materiais, como a madeira ou outro material empregado na estrutura.
A estrutura pode ser pintada (sugerimos as cores branca ou verde) para maior durabilidade.
Podemos apenas utilizar tela SOMBRITE de 50%. Assim elas receberão claridade e luz difusa suficiente para realizarem a sua função vital, que é a fotossíntese. Se as folhas estiverem com cor verde garrafa, é sinal que estão precisando de mais luz. E se estiverem com uma cor amarelada, estão com excesso de luz. Existem orquídeas que exigem mais sombra: é o caso das microorquídeas.
É interessante colocar placas de pvc, daquelas utilizadas em forro, no teto e nas laterais, para evitar excesso de iluminação.
- Devem ser dispostas no sentido Norte-Sul, o que propicia, com o deslocamento do sol, uma tolerância de sombra e luz favorável às plantas. As placas laterais devem ficar no sentido vertical. As ripas, com 5 cm de largura, podem ficar espaçadas em 2,5 ou 3,0 cm, o que dá porcentagens de sombreamento de 67% e 62%, respectivamente fornecendo a luminosidade adequada à maioria das espécies regionais.
- As telas para sombreamento, têm a duração de 5 anos e são de facílima aplicação, que é feita com grampeadores comuns, de escritório. Há no comercio telas com porcentagens de sombreamento que vão de 40 até 80%. A vantagem das telas sobre as ripas é que impedem o acesso de insetos como grilos, gafanhotos, percevejos e vespas. Sua largura é de 1,50 a, portanto as distâncias entre os caibros em que serão afixadas não devem ser superiores a 1,44 m, para permitir o grampeamento com facilidade.
- É interessante ter uma área coberta com telhas transparentes apropriadas, dentro do ripado, para colocar as plantas que exigem período de repouso com pouca umidade e as que não suportam as chuvas fortes.
No chão do orquidário, sob as bancadas, podem-se colocar pedras (brita) ou areia, para ajudar a conservar a umidade ambiente. Não e recomendável cimentar o piso.
Pode-se também plantar selaginelas, que se desenvolvem rapidamente no chão, emprestando um belo aspecto; as samambaias não são recomendadas devido à intensa propagação por esporos, cobrindo vasos e xaxim, prejudicando a ventilação nas raízes das orquídeas e competindo com as mesmas pelos nutrientes.
Muitas outras opções podem ser empregadas como, por exemplo, aproveitar um corredor externo da casa, um terraço, etc. O importante é dar às plantas condições semelhantes às de seu habitat natural. Em corredores deve-se tomar cuidado com o vento encanado, o que poderia desidratar excessivamente as plantas nas épocas não chuvosas. Uma solução seria a colocação de portas, que poderiam ser abertas nas épocas mais chuvosas.
NOÇÕES BÁSICAS
TEMPERATURA A maior parte se adapta bem a temperaturas entre 18 e 40 graus centígrados. Entretanto, há orquídeas que suportam temperaturas mais baixas, como Cymbidium, Odontoglossum da Ásia e Miltonia spp. da Colômbia, todas nativas de regiões elevadas, difíceis de serem cultivadas em Manaus. As orquídeas da planície amazônica na sua maioria não toleram o frio. Assim, devemos cultivar orquídeas que se aclimatem no lugar em que vão ser cultivadas. Caso contrário, o fracasso é certo.
LUMINOSIDADE O ideal e manter as plantas sob uma tela SOMBRITE de 50%. Assim elas receberão claridade em luz difusa suficiente para realizarem a sua função vital que é a fotossíntese. Se as folhas estiverem com cor verde garrafa, é sinal que estão precisando de mais luz. E se estiverem com uma cor amarelada, estão com excesso de luz. Existem orquídeas que exigem mais sombra: é o caso das microorquídeas.
VENTO - é importante ambiente bastante ventilado ou arejado; deixe-as, portanto, perto de uma janela entreaberta, ou em uma varanda ventilada.
ÁGUA E UMIDADE - a umidade relativa do ar (quantidade de vapor dágua existente na atmosfera) nunca deve estar abaixo de 50%, caso contrário, as plantas se desidratarão rapidamente. Em dias quentes, a umidade relativa do ar é menor, por isso é necessário manter o ambiente úmido e molhar não apenas a planta, mas também o próprio ambiente.
Num jardim, com muitas plantas e solo de terra a umidade relativa é bem maior do que numa área sem plantas com piso de cimento. Elas gostam do ambiente onde normalmente vivem as samambaias, porém é importante ser ventilado, para que o substrato seque bem após ser molhado, e só então se joga água novamente. Nunca molhe as plantas quando as folhas estiverem quentes e pela incidência de luz solar. Molhe pela manhã ou fim da tarde, quando o sol estiver no horizonte. Se precisar molhar durante o dia, espere uma nuvem cobrir o sol por cerca de 10 minutos para que as folhas esfriem. Somente, então, borrife as folhas, pois umedecê-las é extremamente benéfico. Mas não encharque o vaso, pois as raízes podem apodrecer. No período chuvoso não deixe a água fria se depositar no centro das folhas novas, mesmo que o lugar seja bastante ventilado e a água se evapore logo, pois pode apodrecer a planta. Se o vaso ficar muito cheio de raízes ou as folhas começarem a ficar murchas em vasos com cultivas antigos, trocar para um vaso de barro ou plástico, bem furado para ter boa ventilação e um pouco maior, eliminando as raízes secas e colocando substrato novo. Colocar cacos de cerâmica na parte inferior do vaso, para boa drenagem.
ADUBAÇÃO - as orquídeas necessitam de alimento como qualquer outra planta. Quanto o adubo for líquido, dilua um mililitro ( é igual a um centímetro cúbico) em um litro dágua. Uma seringa de injeção é um medidor prático. Quando for sólido, mas solúvel em água, dilua uma colher de chá em um litro de água numa freqüência de uma vez por semana. Essas soluções podem atuar como adubo foliar, mas nunca aplique durante o dia, pois os estômatos (minúsculas válvulas) estão fechados. Faça-o de manhã, antes de o sol nascer, ou no fim da tarde, molhando os dois lados das folhas (o número de estômatos é maior na parte de baixo das folhas). Concentração de adubo menor do que a indicada pelo fabricante nunca é prejudicial. Diluir os adubos anteriormente citados (um mililitro ou um grama), em 20 litros de água (ou mais) e, com ela borrifar semanalmente as plantas, dessa forma você poderá obter excelentes resultados. Dosagem maior que a indicada funciona como veneno, e pode até matar a planta. Se o adubo for sólido, insolúvel na água, deve ser distribuído uniformemente diretamente no vaso, numa média de uma a duas colheres de chá, dependendo do tamanho do tamanho do vaso, uma vez por mês. Cuidado para não jogar diretamente sobre as raízes expostas.
PRAGAS E DOENÇAS Plantas bem cultivadas, isso é, com bom arejamento, boa iluminação, num local de alta umidade relativa e bem alimentadas, dificilmente estão sujeitas a pragas e doenças. Falta de arejamento e de iluminação podem ocasionar o aparecimento de pulgões e cochonilhas (parece um pó branco), que podem ser eliminados por catação manual ou com o uso de escova de dente molhada com caldo de fumo ou detergente neutro. Planta encharcada pelo excesso de água ou submetida a chuvas prolongadas pode ser atacada por fungos e/ou bactérias, causando manchas nas folhas e/ou apodrecimento de brotos novos. No comércio existem muitos tipos de fungicidas e inseticidas, mas o manuseio requer cuidados especiais, pois são tóxicos para o ser humano e para outros seres vivos.
A velha receita caseira do caldo de fumo que não é nocivo ao homem e é fácil de preparar - ferva 100 g de fumo de rolo picado em um litro e meio de água, acrescente uma colher de chá de sabão de coco em pó e borrife as plantas infectadas.
QUANDO PLANTAR E REPLANTAR O plantio deve ser feito quando a planta estiver emitindo raízes novas, o que se percebe pelas pontas verdes, não importando a época, inverno ou verão. Quando for dividir a planta, a muda deve ter no mínimo três bulbos, tendo-se o cuidado de não machucar as raízes vivas, o que se consegue molhando-as, pois ficam mais maleáveis. Sempre flambeie com uma chama (de um isqueiro, por ex.) o instrumento que vai usar para dividir a planta, para evitar a contaminação por vírus. No caso de orquídea monopodial, como Vanilla entre outras, deve-se esperar que emitam pelo menos duas raízes, para, então separar da planta mãe.
FLORAÇÃO Geralmente cada espécie tem sua época de floração que é uma vez por ano. Convém marcar a época de floração de cada espécie, pois, se não florescer nessa época, é porque há algo errado. Existem orquídeas que, bem tratadas, chegam a florir duas a três vezes por ano. O mesmo ocorre com híbridos cujos pais têm épocas diferentes de floração.
Pedro Ivo Soares Braga contato@orquiedasdaamazonia.com
Possui graduação em História Natural pela Universidade Santa Úrsula (1973), Mestrado em Ciências Biológicas (Botânica) pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (1976) e Doutorado em Ciências Biológicas (Botânica) pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (1982). Atualmente é professor Titular aposentado da Universidade Federal do Amazonas. Tem experiência na área de Botânica, com ênfase em Taxonomia - especialista na Família Orchidaceae, Biologia Floral, Fitogeografia - Fitossociologia, Conservação Ambiental, Estudos de Impactos Ambientais, Recuperação de áreas degradadas.
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