SÃO PAULO - "Os guanandis (árvores ameaçadas de extinção) estão sumindo daqui. Não temos mais as quatro estações do ano, só inverno e verão. O inverno está muito mais quente, até mesmo durante a noite. A natureza está meio louca."
Quem diz é o pescador Daniel Fernandes, de 56 anos, que passou toda a vida no Itacuruçá, na Ilha do Cardoso. Ele está assustado com o aumento das erosões, da temperatura, das tempestades e das longas estiagens.
"Principalmente devido aos extremos de precipitação (secas e temporais) e do aumento da temperatura mínima, numa mata preservada como essa é mais fácil observar as alterações", afirma o biólogo Celso Bernardo.
Ilha do cardoso Fonte: wikimedia
A Ilha do Cardoso abriga um ecossistema peculiar e complexo.De um lado, mar aberto. Do outro, o chamado Mar de Dentro, um amplo canal com salinidade menor por causa do desague dos rios do Vale do Ribeira.
"Outra mudança afeta as restingas. A drenagem do solo tem sido muito baixa nos últimos anos. Nunca tivemos uma situação assim, e o calor só aumenta. E agora ocorrem alagamentos constantes em áreas que eram secas", observa Camila Costa, gestora ambiental.
Apesar disso, Camila frisa que sobram motivos para a Ilha do Cardoso ser considerada um paraíso. Ela combina espécies típicas da floresta atlântica com manguezais. Estes se espalham pela face ocidental da ilha. E uma restinga cobre boa parte da planície litorânea do local.
Já foram catalogadas quase mil espécies de plantas. E a ilha abriga animais ameaçados de extinção, como muriqui (o maior macaco das Américas), papagaio-de-cararoxa. E, também, veado-mateiro e jacaré-do-papo-amarelo. O morcego Lasiurus ebenus só existe num lugar do planeta: a Ilha do Cardoso.
Fonte: Tribuna ON-LINE
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