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Entrevista: Paisagista Andrea Olionis - paisagismo no Brasil e Espanha

Autor: Regina Motta - Data: 02/07/2020
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A Paisagista Andréa Olionis Silva é brasileira, de Campinas, mas viveu por muito tempo na Europa em países como Espanha,Portugal, Itália e Eslovênia exercendo a sua profissão.



1 - Gostaríamos que você nos contasse um pouco sobre a sua vida pessoal e profissional. Como foi a escolha da profissão? Qual a sua formação?

Bem, na verdade acho que foi mais a profissão que me escolheu. Me formei em Educação Física pela Puccamp, mas não me sentia realizada, porque pensei que fosse uma continuação de anos e anos de Ballet clássico e, na verdade, não tinha nada a ver, então, quando terminei a faculdade me senti perdida, conversei com uma amiga (Macarena, ela deve se lembrar dessa conversa!) e lhe disse que amava plantas e amava fotografia, e não sabia pra qual das duas me virar. Ela me disse que tinha uma amiga que precisava de alguém na pequena floricultura dela, e lá fui eu conversar com a Rosa (nome sugestivo!!) a que seria no futuro minha sócia.

Comecei a estudar com a Rosa que é PHD em biologia e me ajudou muito a conhecer as plantas. Logo me colocou como jardineira, o que me fez aprender muito e na prática, isso tudo há 20 anos atrás quando a profissão paisagista mal existia e éramos vistos como jardineiros . Comecei a fazer cursos e mais cursos, como morava ao lado do CEASA Campinas e bem perto da Holambra comecei por ai, e fui me apaixonando cada dia mais pela profissão.

Futuramente faria também outros cursos especializantes tanto no Brasil como na Europa, quando fui viver aos 28 anos. Com a Floricultura , a FitoArt , fiquei 5 anos e aprendi muito.Minha formação, autoditada! Como lhes disse antes faço muitos cursos, recentemente o Shetckup LayOut 2013, mas essencialmente estudo por minha conta, corro atrás , e escuto muito, acho que é o segredo de todo bom profissional, escutar, seja de um jardineiro seja de um grande e renomado paisagista.

2 - Como é o paisagismo na Espanha? Existe exigência de formação para quem exerce a profissão? Quais as dificuldades encontradas? Há valorização de áreas e edificações que tenham um projeto de paisagismo implantado?

O paisagismo hoje na Espanha, está bastante difícil, como todo profissional liberal, os autônomos, sofremos quando a crise bate forte. Minha empresa a Gardens&Houses, sofreu como toda empresa pequena, foi uma queda substancial mas, em geral, já é uma profissão valorizada, não tanto propriamente pelos espanhóis e sim pelos ingleses e estrangeiros em geral que são mesmo apaixonados por jardins , por plantas.

Como vivia em em Marbella , que é um lugar internacional, a profissão caminhava bem não fosse a crise, mas também acho que, como todo lugar no mundo, funciona com indicações, e se você tem a sorte de conhecer um cliente e ele te deixa criar, isso é tua porta de entrada pra profissão: O antigo, mas sempre atual, boca a boca. Se você faz um bom trabalho, logo vêm outros 10. Não importa qual a sua formação e sim o que você sabe fazer!

Claro que um profissional que cursou o "Castillo de Batres", em Madrid , ajuda muito, mas a união dos dois, teoria e pratica, ainda é o melhor. Em Marbella não há um condomínio sem um projeto de paisagismo, nunca pensei que chegaria a ficar sem trabalho em um lugar como aquele, já que valorizam tanto o jardim e as plantas! Mas, se a obra pára, como acontece com muitas , mas muitas, totalmente paradas , não tem como chegar à parte final que é o paisagismo, que é a última parte da construção, infelizmente.



3 - Na questão de escolha das espécies botânicas, há prioridade para espécies nativas?
Sempre. Inclusive me especializei em XEROJARDINERIA , paisagismo somente com plantas autóctones, ou seja, nativas, e com o menor consumo de água possível, espaços menores de grama. Quando a usamos , usamos artificial, que hoje na Europa há uma qualidade impressionante com relação a tato, inclusive a limpeza e manutenção são mais fáceis .Não sei se já há por aqui também mas, provavelmente, sim, porque hoje o Brasil não fica atrás de nada , de nenhuma empresa e nenhum produto, acho que os lançam inclusive simultaneamente, porque o Brasil é um mercado muito promissor.



4 - Quais as diferenças que você percebe no fazer paisagístico entre o Brasil e Espanha?

Essencialmente nas espécies , na Europa não há a variedade que temos aqui, o Brasil é o paraíso para um paisagista! Quanto ao reconhecimento financeiro, somos mais bem pagos no exterior, quando há trabalho, claro!
5 - Existe uma tendência mais forte e específica nos projetos de paisagismo na Espanha?

Como disse anteriormente a Xerojardineria, o paisagismo responsável, preocupado com o consumo de água e o seu entorno , sempre preocupados em interagir com o que esta em volta, com a natureza , com um paisagismo o mais natural possível.







Jardim reciclado

6 - De volta ao Brasil, como está a sua atividade aqui?

Acho o Brasil o país do futuro; com relação a nossa profissão só vejo avanços, e estou me adaptando a eles, me criei no Sudeste, fiz jardins no litoral e muitos em Campinas, no passado, e alguns até mesmo à distancia.
Vir ao Nordeste está sendo uma realidade completamente diferente , com relação a tudo: Mão de obra, clientes, espécies, enfim, tudo é muito diferente por aqui, no meu primeiro trabalho, aqui mesmo em Tibau do Sul onde moro, tive todos estes problemas!
Mão de obra especializada , se existe já tem "dono" , as espécies aqui se adaptam de outra maneira, estou tenho que estudar tudo de novo! É como um recomeço de carreira, por um lado estimulante mas, por outro, financeiramente custa , porque o cliente sempre quer as coisas para ontem. Agora mesmo estou em processo de adaptação, inclusive aos programas de hoje em dia. Sou do tempo em que se desenhava tudo a mão, e me especializei em perspectiva artística, são obras de arte, mas que não têm mais valor no mercado tecnológico de hoje. Acho o Autocad uma boa ferramenta , mas não se encaixa propriamente ao paisagismo, o Sketchup é legal, mas muito trabalhoso, agora só me falta o AutoLANDSCAPE, que será meu próximo investimento.



7 - Quais as experiências que você trouxe desta temporada no exterior?

Foram muitos anos, vivi fora quase 15 anos e acho que conhecer outras culturas é sempre bom, conhecer pessoas que realmente se interessem e valorizem seu trabalho é muito gratificante.
Aqui, no Brasil, já vejo isso no Sul e Sudeste, em São Paulo e Rio de Janeiro. Aqui no Nordeste ainda não, mas vamos chegar lá, e espero contribuir com essa evolução, uma casa sem plantas é uma casa sem vida. Já está comprovado que valoriza um imóvel em pelo menos 30% a mais do seu valor. Assim, vou lutar para que o paisagismo seja uma profissão respeitada como tantas outras, independente do lugar.
A nossa profissão é linda, amo o que faço, mas falta que nossa remuneração seja equivalente ao nosso esforço , não se pode dedicar anos a uma profissão e depois ficar brigando com um cliente porque ele diz que gosta mais ali...na sombra, sendo que a planta é de sol...ou esquecer que as plantas crescem ...essa vai ser minha luta particular, continuar tentando implantar a idéia do paisagismo inteligente, pensando sempre no consumo da água, usar sempre plantas nativas, e ajudar a combater as devastações desnecessárias.


Implantação de jardim em Tibau do Sul

contato: andreaolionis@gmail.com
Paisajista Andrea Olionis - Facebook
GardensHouses

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