Visando alcançar os objetivos propostos procuramos embasar o trabalho numa metodologia desenvolvida por Rodriguez (1994), Rodriguez ET al. (2004) e Leal (1995) que propõem a elaboração de um Plano Ambiental segmentado em três etapas, quais sejam: inventário; diagnóstico ambiental; prognóstico e propostas.
Na etapa de inventário procuramos angariar informações, dados e imagens e isso é feito no trabalho de campo. O Inventário Florestal é a base para o planejamento do uso de recursos florestais, e por meio deste inventário é possível a caracterização de uma determinada área e o conhecimento quantitativo e qualitativo das espécies que a compõe. Para fazer o inventario geralmente usa-se a amostragem, porque ela é um processo rápido,eficiente e largamente utilizado, trata-se na realidade de uma ferramenta que permite avaliar uma porção representativa da área em estudo. Na amostragem espécimes de plantas são coletadas, como angiospermas e pteridófitos, herbáceas, lianas, arbustivas e arbóreas. Os materiais coletados em nosso trabalho de campo são acondicionados em sacos plásticos (100L) e levados ao viveiro de mudas nativas para a identificação taxonômica.
Uma vez conhecida as características das espécies que se desenvolveram no local partirmos para a identificação das áreas a serem reflorestadas e usamos como critério o respeito às condições da topografia local, articulada com os preceitos da Resolução SMA - 08 de 2008, que fixa a orientação para o reflorestamento heterogêneo de áreas degradadas.
Consideramos que a área a ser reflorestada na propriedade neste momento restringe-se a 1 ha e com base no levantamento de campo definimos que a quantidade de mudas necessárias a implantação do projeto é da ordem de 1667 mudas/hectare, usando espaçamento 3 x 2. Com o espaçamento indicado pela norma, são plantadas 1667 mudas por hectare envolvendo, cerca de 100 espécies do ecossistema regional, cerca de 25% a mais do que é exigido pela Resolução SMA 08/2008. Essa condição visa garantir que se houver mortalidade completa de alguma espécie ao longo do tempo, será mantido o mínimo exigido pela resolução que é de 80 espécies. Contudo, ressaltamos que a lista de espécies apresentada não é definitiva e pode ser alterada, pois algumas espécies podem não estar disponível nos viveiros regionais, contudo a recomendação é que a substituição deva feita obrigatoriamente de uma espécie por outra do mesmo grupo ecológico, ressaltamos também que o fornecedor escolhido deve, obrigatoriamente, possuir e fornecer cópia da documentação exigida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, ou seja, o RENASEM. Essa documentação, junto com a Nota Fiscal em nome da empresa, passa a fazer parte integrante de Relatório Técnico ou Projetos de Reflorestamentos. De qualquer forma, se houver alteração, esse segue o critério definido pela resolução SMA 08 de 2008, especialmente o critério definido no artigo 6° transcrito a seguir, com um grifo nosso.
Artigo 6º - Em áreas de ocorrência das formações de floresta ombrófila, de floresta estacional semidecidual e de savana florestada (cerradão), a recuperação florestal deverá atingir, no período previsto em projeto, o mínimo de 80 (oitenta) espécies florestais nativas de ocorrência regional, conforme o art. 8º e/ou identificadas em levantamentos florísticos regionais. Considerando-se a proporcionalidade das espécies e indivíduos, recomenda-se que a disposição das mudas no campo deve obedecer a critérios ecológicos de acordo com as características sucessionais de cada espécie. Recomendamos que o plantio seja feito usando o esquema alternado, onde cada muda de espécie não pioneira fica ao lado de uma pioneira, como as pioneiras apresentam crescimento rápido, em poucos meses devem fornecer o sombreamento necessário para a espécie não pioneira. O quadro abaixo ilustra o esquema proposto.
- Implantação do Projeto
É importante ressaltar a importância de avaliar as condições ecológicas da área antes de elaborar o projeto de plantio. Levar em consideração aspectos como fertilidade e estado de conservação do solo, presença de vegetação arbórea nativa remanescente na área ou nas proximidades, topografia, regime hídrico e tipo de atividade desenvolvida no entorno da área a ser recuperada.
- Roçada manual
Considerando que a área geralmente é coberta por gramíneas exóticas, como Brachiaria, é fundamental fazer o devido controle desta espécie. Silva Filho, em 1991, estudou a influência do plantio de 8 espécies sobre a regeneração natural em encostas na Mata Atlântica. Brachiaria foi à espécie que mais dificultou o processo de regeneração natural. Piña - Rodrigues (1997) considera que o capim colonião (Panicum maximum) e outras espécies de gramíneas são o principal problema para recuperação de áreas degradadas, estas espécies competem com as árvores pelo espaço e recursos disponíveis à regeneração. Após esta análise a conclusão que a limpeza da área deve, preferencialmente, restringir-se à roçada da vegetação herbácea e subarbustiva daninha, que pode competir com as mudas em busca de luz e de nutrientes. A matéria vegetal morta, resultante da roçada, deve ser mantida na área, formando uma manta protetora do solo, que servirá também como fonte de nutrientes e matéria orgânica.
A operação de roçada deve ser realizada manualmente com o auxilio de uma foice ou roçadeira costal, o mais rente possível do solo, se limitando, exclusivamente, às plantas invasoras. Para essa operação, o ideal é ter trabalhadores que conheçam a regeneração natural das espécies existentes, de modo a se ter uma menor possibilidade de eliminá-la, favorecendo assim o incremento da regeneração natural. Junto com a roçada pode-se abrir uma clareira para fazer o coroamento, que consiste em um circulo de aproximadamente 0,80 a 1,0m de raio ao redor da cova. Isso deve ser feito após o plantio e mantido até a muda pegar e começar a se desenvolver.
- Espaçamento / Coveamento / Adubação
A abertura das covas para o plantio deve ser feita manualmente usando cavadeiras. As covas devem ter as seguintes dimensões: 30 x 30 x 30 cm, com um espaçamento de 3,0 x 2,0 m no sistema alternado. A adubação será de 0,50 g /cova de superfosfato simples ou esterco curtido. A opção pelo plantio direto evita o revolvimento do solo e conseqüentemente diminui a oxidação do carbono orgânico ou emissão de CO2 para a atmosfera.
- Controle das Formigas Cortadeiras
Essa atividade consiste no controle e combate de formigas cortadeiras, em geral usam-se iscas granuladas, a razão de 10 g/m² de formigueiro e em dias não chuvosos e com baixa umidade relativa do ar, este procedimento deve ser realizado 15 dias após a roçada. A área de controle deve exceder em torno de 20% do total, a fim de se estabelecer um sistema de defesa. Havendo restrições ao uso de fungicidas, produto industrializado, em face da condição especial de parte do terreno recomenda-se fazer o controle das formigas seguindo a orientação das autoridades certificadoras das culturas orgânicas.
- Isolamento da área
O isolamento da área pode ser entendido também como uma forma de amenizar ou controlar possíveis fatores de degradação. A área deve ser devidamente isolada por cercas ou algum atributo natural que impeça o pastoreio de animais capazes de causar danos a áreas reflorestadas.
Recomenda-se que o isolamento seja feito com arame liso para evitar acidentes com espécies de fauna local e o primeiro fio de arame deve estar posicionado a cerca de 60 cm do solo para permitir que as espécies faunísticas se locomovam sem riscos de acidentes.
- Plantio das mudas
Não deve faltar água na fase inicial do plantio, portanto o mesmo deve ser efetivado em época chuvosa, a não ser que haja possibilidade de irrigação. As mudas deverão ser manuseadas sempre pela embalagem e nunca pelos ramos superiores ou pelo caule. As embalagens deverão ser retiradas antes do plantio, tomando cuidado para não desmanchar o torrão. As embalagens podem ser reutilizadas se em bom estado ou podem ser abertas no fundo antes do plantio, conservando assim, o torrão e raízes intactas. Ao terminar o plantio, deve ser feito um coroamento e embaciamento ao redor da muda, com aproximadamente 80 cm de diâmetro. O colo da muda (zona que separa o caule da raiz) deverá ficar no nível da superfície do terreno, evitando amontoar terra sobre o caule (tipo vulcão). Todo material plástico ou outro tipo de embalagem da muda deve ser recolhido e destinado a um local apropriado. Para facilitar a distribuição das mudas, elas devem estar separadas em lugares distintos, o mais diversificado possível, ou seja, sem repetição de espécies, de modo a facilitar a distribuição no campo e de maneira que seja mínima a possibilidade de se plantar duas mudas da mesma espécie uma ao lado da outra. O replantio deverá feito até 60 dias após o plantio, destinando-se para esse fim 10% do total utilizado no plantio.
Manejo da área após plantação
As seguintes medidas devem ser adotadas para assegurar a sobrevivência e o crescimento da vegetação e melhorar a estética área a ser recuperada: Plantar para enriquecer a diversidade de espécies; Promover o desbaste; Controlar a invasão de ervas; Repelir roedores ou outros consumidores de sementes e plantas na fase de implantação do projeto; Irrigar o local quando necessário; Corrigir a acidez do local e suplementar suas necessidades com fertilizantes; Cercar a área para evitar a entrada de animais de grande porte; Inspecionar as plantações para evitar o ataque de pragas e tomar as medidas necessárias a cada caso; Proteger a área contra incêndio. Após o plantio com as espécies indicadas neste laudo, um plantio de reforço deve ser planejado. Nesta segunda fase a mistura e a diversidade de espécies deverão ser aumentadas, visando criar uma comunidade vegetativa mais permanente.
- Espécies indicadas
Para subsidiar a escolha das espécies e atender as determinações da Resolução SMA-08, o ideal é pesquisar os levantamentos florísticos fitossociológicos de mata ciliar dos rios que compõe a Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos na região. Na indicação das espécies levamos em consideração as características ecológicas do local a ser revegetado, bem como as exigências das espécies selecionadas, em relação à condição de desenvolvimento das mesmas a curto e longo prazo. Sintonizados com os conceitos e metodos adotados em biologia observar se há deficiências (baixa diversidade) nos fragmentos de vegetação localizados na propriedade. Por exemplo, a baixa variação do DAP (Diâmetro na Altura do Peito), da diversidade biológica e do porte das espécies identificadas no local mostra que em médio prazo a área não terá descendentes para dar continuidade à mata.
Por essa razão, o ideal é indicar um programa de reforço, com plantio em intervalos de tempo regular de espécies com dispersão zoócora (dispersão pelos animais) e anemocoria (dispersão pelo vento).
- MANUTENÇÃO DO PROJETO DE REFLORESTAMENTO
O sucesso de um projeto de plantio ou recuperação de uma área degradada depende essencialmente da aplicação correta das técnicas de implantação bem como da procedência das mudas e da manutenção do reflorestamento no pós-plantio. Plantios abandonados podem resultar em altas taxas de mortalidade das mudas, resultantes do ataque de formigas ou outras pragas, da deficiência hídrica e de nutrientes, da infestação de trepadeiras e competição com gramíneas agressivas. Para evitar esses problemas, recomenda-se a adoção de cuidados com a manutenção, sempre que o monitoramento indicar a necessidade. As principais práticas são as já mencionadas nesse laudo como, roçadas, coroamento, controle de formigas, desbrota, replantio e adubação.
A necessidade de práticas de manutenção diminui à medida que o plantio adquire a estrutura de floresta. Após alguns anos da implantação, a cobertura formada pelas plantas fornece um nível de sombreamento capaz de inibir a infestação por gramíneas, nesta fase os cuidados deixam de ser necessários. A diversidade de espécies tem papel fundamental na sustentabilidade das florestas; quanto mais espécies forem plantadas nos projetos, com diferentes exigências ecológicas, menor a necessidade da aplicação de praticas de manutenção. A combinação de espécies de diferentes grupos ecológicos elimina a substituição ao longo do tempo de pioneiras por espécies finais de sucessão, alem disso, diminui a probabilidade de eventuais ataques de pragas florestais.
| Uma das falhas mais graves de muitos projetos de restauração é o abandono da área de plantio à própria sorte. Orçar um projeto, sem considerar as atividades de manutenção, geralmente, leva a desperdício de investimento. | | | Assim, na primeira manutenção serão feitos os tratos culturais recomendados para os primeiros três meses após a implantação do projeto e serão continuados por mais nove meses. Dessa forma, nos 12 meses após a implantação, serão realizadas quatro campanhas de manutenção. As atividades de manutenção propostas compreenderão a roçada manual seletiva, adubação, desbrota, o coroamento e o controle de formigas cortadeiras. Na segunda campanha de manutenção, no primeiro ano após a implantação, repetir-se-ão os mesmos tratos culturais, todavia agora com campanhas intercaladas por quatro meses, o que culminará num total de três campanhas. Recomenda-se uma nova avaliação aos 3 anos para detectar se a área em recuperação tem condições para sua auto-condução. Caso seja necessário a continuidade dos tratos culturais, devem ser feitos a cada 6 meses. Estrada Iperó-Tatuí, km 04 - Iperó/SP - Cx.P.03 - CEP: 18560-970 fone/fax: 15.3266.1311/ cel: 7835.8233/ ID: 89*1551 arvoresbrasileiras@grupoaleixo.com/ suzanaaleixo@grupoaleixo.com www.grupoaleixo.com
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