Quer aparecer aqui?  Veja Como


Ano
Pesquisar

Cultivo e demais tratos culturais de orquídeas – Capítulo 1

Autor: Pedro Ivo Soares Braga - Data: 22/10/2010
RSS

Começamos aqui com uma série de artigos sobre o cultivo de orquídeas. Como o assunto é extenso dividiremos os mesmos em capítulos.


COMO PLANTAR E CULTIVAR AS ORQUÍDEAS

Às orquídeas vegetam, nos mais diversos ambientes, desde as regiões mais frias, até as mais quentes; das mais secas, as mais úmidas; das baixas altitudes, até as mais altas, etc. Então é necessário frisar, que não poderemos ter em cultura, num mesmo local, todas as orquídeas, que ocorrem em diversos ambientes da face da Terra, pois seria muito dispendioso tentar simular todas essas condições.

OS SEUS HÁBITOS DE VIDA SÃO OS MAIS DIVERSOS, COMO:

1) terrestres - vegetam no solo;

2) saprófitas ou humícolas - vegetando no material orgânico em decomposição existente sobre o solo das florestas, não possuem clorofila e suas folhas são escamiformes;

3) subterrâneas - caso extremo de adaptação de plantas saprófitas, que ocorrem no subsolo, não possuindo folhas, nem clorofila; ocorrendo apenas, no Continente Australiano;

2) rupícolas ou saxícolas - entre pedras ou sobre rochedos, a pleno sol ou abrigadas da luz direta; quando apresentam velame nas raízes podem ser consideradas também como pseudoterrestres, pois essa estrutura especializada para a absorção de água, é característica das epífitas;

3) epífitas - possuem o velame, uma estrutura da exoderme da raiz, especializada para a absorção de água do ar, ou da chuva, com alta eficiência; vegetam sobre as árvores e os arbustos, usando-os apenas como hospedeiros, sem os parasitar.

QUANTO ÀS EXIGÊNCIAS DE LUZ SÃO CLASSIFICADAS, COMO:

Umbrófila - que cresce totalmente na sombra, geralmente são àquelas plantas do tipo de metabolismo C3.
A seguir um representação do metabolismo C3



Semi-umbrófila - que cresce totalmente na semi-sombra, geralmente são àquelas plantas do tipo de metabolismo C3.

Semi-heliófila - que cresce no semi-sol, geralmente constituídas por àquelas plantas do tipo de metabolismo CAM, que fixam o gás carbônico no período noturno.

Heliófila - que cresce a pleno sol, geralmente são àquelas plantas do tipo de metabolismo CAM, que fixam o gás carbônico no período noturno. Essa adaptação é importantíssima para essas plantas, pois permite a conservação da água, em condições extremas de exposição solar, sem que seja necessária a planta abrir os estômatos para absorver o gás carbônico, nas horas mais quentes do dia.
A seguir um representação do metabolismo CAM



AMBIENTACÃO

É necessário reconstituir no orquidário, as condições mais naturais possíveis, tentando imitar o ambiente em que o espécime vivia no campo, ou aquele (s) característico (s) do gênero ou da espécie, já amplamente conhecidos entre os orquidófilos.

No quadro que se segue indicamos os principais dados que devem ser anotados no ambiente natural quando, com permissão, se coleta uma orquídea.



INTRODUÇÃO DAS PLANTAS NO ORQUIDÁRIO

Cada espécime introduzido no orquidário deverá ter obrigatoriamente uma etiqueta (de alumínio, ou plástico) onde será colocado um número, que será o correspondente, ao de um livro de registro, com entrada seqüencial; nele será anotada a procedência - de orquidário comercial, doação de amigos ou da natureza, o que deverá ser evitado e, quando feita, com a permissão do órgão competente e, da maneira mais criteriosa possível; caso as plantas estejam floridas na época obtenção das mesmas, seria interessante anotar os seguintes dados adicionais: época da floração, da brotação, forma e coloração das flores, data do plantio, tipo de vaso e que material empregado, entre outros; todos esses dados pertinentes a(s) espécie (s) poderão ser organizados em um banco de dados e armazenados em um computador, onde poderão ser facilmente recuperados, à medida que for aumentando o número de plantas, dessa forma, facilitando o controle e os respectivos tratos culturais.

LIMPEZA DAS PLANTAS
Todo o cuidado deverá ser tomado para não se introduzir doenças e pragas no orquidário; para tal deveremos verificar se o (s) exemplar (es) possui raízes e pseudobulbos velhos ou excessivamente danificados, que deverão ser eliminados com uma tesoura de poda esterilizada; em seguida, as folhas deverão ser limpas com uma esponja delicada e os pseudobulbos e rizomas, com uma escovinha macia (escova de dente); este procedimento eliminará a maioria das algas, liquens e musgos, que geralmente cobrem a sua superfície, e que podem a vir prejudicar a absorção da luz para o processo fotossintético e, conseqüentemente, o seu crescimento; pode-se usar sabão de coco, ou detergente biodegradável neutro, nessa limpeza, exceto para aquelas orquídeas de folhas finas, as quais poderiam ser machucadas pelas cerdas da escova.

DESINFECÇÃO DAS PLANTAS

Posteriormente, as plantas deverão ser borrifadas com uma solução, contendo um fungicida de contato ou sistêmico (absorvido pela planta) e, por um inseticida, com as mesmas características; desse modo evita-se a contaminação das demais plantas do orquidário, por pragas, que porventura esteja(m) presentes no(s) exemplar(es) a serem introduzidos na coleção.

Geralmente esses produtos são muito tóxicos, portanto é muito importante seguir as recomendações do responsável técnico da loja onde for comprado o produto e a do fabricante, para evitar possíveis danos à própria saúde e ao meio ambiente.

Normalmente a adição de um espalhante adesivo a qualquer solução, seja de defensivo agrícola, ou a fertilizante, aumenta a superfície de contato com a planta, e retém por maior tempo as substâncias, maximizando o seu emprego. Quando for fazer adubação ou aplicar inseticida, é imprescindível a utilização do espalhante adesivo, consorciado com um fungicida de contato ou sistêmico, para evitar a formação de fungos nas folhas. É importante, a cada 15 dias, alternar a utilização de produtos, de marca e ação diferentes, evitando-se assim, oportunizar o aparecimento de insetos ou fungos resistentes.

Finalmente a (s) planta (s) recém obtida (s) deverá (ão) ficar de "quarentena", sob observação, por um período de mais ou menos uns 30 dias, antes de se incorporada (s) ao orquidário, pois dessa forma evita-se a contaminação das demais plantas, o que pode, às vezes, ser catastrófico.

Veja no próximo capítulo orientações sobre adubação.vasos, substratos e plantio.




Pedro Ivo Soares Braga
contato@orquiedasdaamazonia.com


Possui graduação em História Natural pela Universidade Santa Úrsula (1973), Mestrado em Ciências Biológicas (Botânica) pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (1976) e Doutorado em Ciências Biológicas (Botânica) pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (1982). Atualmente é professor Titular aposentado da Universidade Federal do Amazonas.
Tem experiência na área de Botânica, com ênfase em Taxonomia - especialista na Família Orchidaceae, Biologia Floral, Fitogeografia - Fitossociologia, Conservação Ambiental, Estudos de Impactos Ambientais, Recuperação de áreas degradadas.

Dê um clique no banner acima, à direita, e vote em nosso Blog para o prêmio TopBlog em sustentabilidade.

Você pode se interessar também por:

Exposição de Orquídeas e Festa da Laélia purpurata em São Paulo

Plantas ornamentais em risco de extinção: Orquídea Cattleya eldorado Linden

Fatores que condicionam a distribuição das orquídeas no habitat

Orquidário João Barbosa Rodrigues: um mestre da Botânica

Paisagismo com plantas nativas: aguçando os sentidos

Gigantes da natureza: conheça as maiores árvores do mundo!

Gigantes da natureza:conheça as maiores flores do mundo




Compartilhar:




Login Requerido

Fazer Login para comentar

  

Comentários

03/11/2010 15:06:40

www.orquideasdaamazonia.com.br
Aos meus leitores - Tem sido um prazer receber seus comentários e saber que os meus artigos tem sido úteis para vocês e assim poder dividir os meus conhecimentos. Estarei sempre as suas disposições para esclarecer dúvidas, entre outras. Com um forte abraço para todos vocês,
Pedro Ivo

30/10/2010 09:50:15

Caro leitor Udo,

Concordo com você que o agrônomo é o profissional habilitado para sugerir os defensivos necessários para os diversos cultivares. No entanto, o termo responsável técnico, detona ser um cargo que deverá ser ocupado por alguém que tenha ensino superior e ser credenciado para tal pelos conselhos regionais.

Um forte abraço,

Pedro Ivo

30/10/2010 09:49:21

Caro Herivelto,

Que bom que voce gostou do artigo. É minha intenção manter o mesmo padrão nos demais capítulos sobre cultivo de orquídeas.

Forte abraço,

Pedro Ivo

29/10/2010 19:17:07

Achei muito bacana este trabalho de vcs não só vou acompanhar como tb tentarei colocar em prática este novo aprendizado.Obrigada, Tania Martins

29/10/2010 11:19:14

Um bom artigo sobre orquídeas, faço a ressalva que agrotóxicos somente devem ser recomendados por Engenheiro Agrônomo e não por funcionário sem graduação de um estabelecimento que vende produtos/agrotóxicos, pois recomendações técnicas deste nível somente profissional habilitado nesta área poderá prestar com eficiência

28/10/2010 16:15:17

Caro Sr. Pedro Ivo Soares Braga !

Agradeço-lhe e o parabenizo pelo excelente trabalho: "Cultivo e demais tratos culturais de orquídeas – Capítulo 1
Autor: Pedro Ivo Soares Braga - Data: 22/10/2010 "
Estarei atento a todas informações.Tenho certeza absoluta da grande oportunidade que o Senhor nos concede com seus ensinamentos.
Um forte abraço!
Herivelto S. G. Viana




Cadastre-se Grátis
Conversar no Whatsapp +55(32)3217-1501
X

Receber alertas das publicações do site


Que tal se manter sempre informado das novidades do mundo do paisagismo? Informe seus dados para mantermos contato!