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Gente que faz: Paisagista Fabio Márquez - Argentina

Autor: Regina Motta - Data: 19/04/2018
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Temos o prazer de apresentar aos nossos leitores um profissional de alto nível, o Paisagista Fabio Márquez que gentilmente aceitou o nosso convite para conversar conosco.


Fabio Marquez é de Buenos Aires, Argentina, e associado a Paisajismo y Jardin (www.paisajismoyjardin.com)

É especializado em espaços verdes e gestão pública, com pos graduação em Patrimônio e Turismo Sustentável, assessor de organismos públicos, consultor em empresas privadas, com numerosos projetos na cidade de Buenos Aires. Recebeu prêmios internacionais e é professor e autor de publicações sobre Paisagem e Biodiversidades Urbana.
Conferencista em eventos nacionais e internacionais, desenvolve metodologia para a participação social nos projetos de praças e parques.

Gostaríamos de conhecê-lo um pouco mais! Como se interessou pela área de paisanismo? Como foi o início de sua carreira?

Meu interesse pelo desenho da paisagem começou com a preocupação sobre a quantidade e qualidade dos espaços verdes públicos de minha cidade, na década de 90, em que se questionava o estado de praças e parques, além dos usos que deveriam ter. Até então desempenhava a carreira de fotógrafo, gestor cultural e desenhista gráfico, com militância ativa sobre as questões urbanas.

Considerei que havia situações que exigiam novos modos de atuação sobre a paisagem urbana e me dediquei a estudar paisagismo, mudando drasticamente minha atividade profissional. Sempre tive muita sensibilidade em relação à natureza e às questões ambientais, mas ao desenho da paisagem não cheguei pelos jardins e, sim, por meu interesse na qualidade das praças portenhas.


Seu porfólio de trabalhos é extraordinário! São várias vertentes de atuação: Patrimônio da Paisagem, Desenhos de Paisagismo, Biodiversidade Urbana, Publicações... Qual destas vertentes lhe traz um maior prazer e autorealização?

Agradeço pela consideração. É difícil para mim eleger alguma vertente, porque, na realidade, o que me atrai em minha atuação profissional é evitar as rotinas, onde a diversidade de temas em que tenho me focalizado me permitem inovar e desfrutar, correndo riscos mas com responsabilidade, sabendo que meu trabalho é prestar serviços para melhorar a qualidade de vida das pessoas, sem egocentrismo, satisfazer a necessidade profissional para a qual me convocam.
Gosto de trabalhar em equipe multidisciplinar e com a participação de todos os atores envolvidos em cada situação. É mais intenso e enriquecedor.


São numerosos os projetos realizados! Quer nos contar um pouco sobre eles? Todos têm histórias, mas concretamente, qual deles é mais relevante para você?

Os projetos e obras realizados, ao longo do tempo, vão marcando momentos e desafios diferentes que, com a visão retrospectiva, mostra a transcendência do que foi feito.

Há uma obra central em minha carreira que, embora hoje esteja muito deteriorada por má gestão pública e governamental, é o Parque de Flora Nativa Benito Quinquela Martín (de 4ha de superfície), no Bairro de La Boca, na cidade de Buenos Aires. Inaugurado no ano de 2006, foi o primeiro espaço verde portenho com vegetação de flora nativa. A realização do projeto se fez através de um desenho participativo com os habitantes do bairro. E também foi uma compensação ambiental pelo que era o lugar antes do parque.



Parque de Flora Nativa Benito Quinquela Martí

Em 2012, difundimos um de seus livros Planificación , diseño y gestión participativa del paisaje. Foram publicados outros livros?

Esse livro mostra o que havia querido encontrar quando iniciei em desenho da paisagem, porque estou convencido que o espaço público deve desenhar-se sempre com participação social ativa, pelos motivos que exponho largamente no livro.


Planificación, diseño y gestión participativa del paisaje

Outros livros que fiz estão vinculados à temática da biodiversidade urbana na cidade de Buenos Aires. Foram pensados como divulgadores de diferentes componentes da diversidade biológica, tanto como elementos de elementos naturais da paisagem, como contribuintes para a qualidade ambiental.

Os títulos são: Aves porteñas - Paisaje y biodiversidade urbana, Mariposas Porteñas - Paisaje y biodiversidade urbana (em co- autoria com Jorge Freitas), Palmeras Porteñas y Origen del Arbolado Porteño (estes últimos em co-autoria com Jorge Florentino). Ainda realizei um caderno denominado ? Qué es el paisaje urbano? Sobre a paisagem urbana como patrimônio cultural.
Todos estes títulos podem se lidos online livremente no site
www.fabiomarquez.com.ar


Aves Porteñas - Paisaje y biodiversidad urbana

Sendo fundador da Red Argentina del Paisaje Red Argentina del Paisaje , uma iniciativa de grande valor, podemos conhecer um pouco sobre esta organização? Como foi o início e a recepção pelos profissionais?

Embora tenha sido um de seus fundadores e redator dos principais documentos que definem o sentido da Red Argentina del Paisaje, hoje já não faço parte desta organização.

Participo de outro espaço coletivo chamado Club del Paisaje, composto por técnicos superiores em Paisagismo e licenciados em Desenho da Paisagem, como espaço de interação profissional, relações sociais e geração de atividades com espírito lúdico sobre paisagismo.
Também sou membro da Associação Aves Argentinas, a primeira organização não governamental ambientalista da América Latina que, ainda que seu interesse central é a observção de aves, desenvolve atividades de um modo amplo sobre a conservação da natureza.


Sua definição " A paisagem somos nós" é muito interessante e incisiva. Quer nos contar um pouco sobre ela?

A paisagem não existe na natureza, é um produto cultural, é um invento do humano sobre a valorização subjetiva do habitat em que se encontra. Alguma vez, quando o humano primitivo decidiu valorizar seu entorno territorial não pela comida, água ou refúgio e sim pelo que gostava ou não, é o momento em que surge
Em parte surge o nascimento da cultura, da subjetividade humana e a visão paisagística.
A paisagem desejada ou rechaçada é uma construção cultural coletiva de cada sociedade, onde cada ser humano é afetado pelo seu pertencimento. Para ele não há definições absolutas sobre a qualidade da paisagem. Depende de onde viemos, quem somos e até onde vamos (ou queremos ir). A paisagem se define por quem a vê, vive e transita, seja um jardim privado ou um grande espaço do território.


Quais são seus projetos atuais? Existem novos planos para o futuro?

Este ano estaríamos terminando uma obra de remediação ambiental e restauração paisagística na Província de Entre Rios, em uma área da represa hidroelétrica binacional de Salto Grande, em sua margem argentina. Convertemos um espaço de 22 ha que era de florestação exótica com a recuperação da paisagem local em termos de biodiversidade, como área de educação ambiental para observação da fauna e flora silvestres, em um lugar provido de passarelas, miradores, e passagens planejadas.

No ano de 2014 ganhamos o concurso de projetos e começou-se a construir no final de 2015.
Os passos para o futuro me estão propondo contemporaneidade em termos de sustentabilidade nas políticas da paisagem, tanto em projeto, obras, como em gestão.
Também, como articulador de ações de governo para onde se confluem participação social, biodiversidade local, patrimônio cultural, inclusão para melhorar a qualidade de vida das pessoas como se vê no Parque da Estação, que começou a ser construído há um par de semanas em uma das zonas com menos espaços verdes públicos da Cidade de Buenos Aires. Onde, com as premissas que mencionei tive envolvimento ativo na redação da lei que o criou, na geração do projeto e no seguimento atual em sua construção.
Houve desenho participativo, haverá flora nativa e se restaurará arquitetonicamente um grande galpão ferroviário ladrilheiro do Século XIX, com novas funções culturais, educativas de desportivas.

Grande parte de minha atividade atual é a docência em âmbitos acadêmicos, vinculada à profissão, compartilhando experiencia, conhecimentos técnicos e visão ideológica sobre o desenho da paisagem contemporânea, estimulando o pensamento crítico, ético e responsável com o ambiente.




Alguns projetos


Parque indoamericano


Jardim de Mariposas portenhas, Passeio Alcorta


Jardim de Mariposas portenhas, Passeio Alcorta


Praça de Maio

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