Surgiram na década de 60 as bases da Pedagogia da Descoberta, associadas ao nome do pedagogo norte-americano Jerome Bruner, defensor da aprendizagem prática e não teórica, com base na experiência do dia a dia. Por outras palavras: iniciou-se um conceito totalmente novo e revolucionário para a época, pois defendia-se uma aprendizagem partindo de aplicações práticas, para atingirmos conhecimentos teóricos, e não ao contrário como se fazia até aí. Na Pedagogia da Descoberta pretende-se levar o educando a descobrir o que pretende ensinar: pretende-se igualmente uma aprendizagem pela observação e experiência pessoal, em oposição à memorização ! Assim, aprendemos a descobrir, ao mesmo tempo que aprendemos pela descoberta . Como na Pedagogia da Descoberta é utilizado, sobretudo, o espaço exterior, que permite uma exploração da Natureza, a par da socialização com outros acompanhantes, é utilizada e permitida uma maior liberdade de movimentos e uma maior observação. E tomamos um maior e melhor contacto com a Natureza através de todos os nossos cinco sentidos, pois cheiramos, vemos, tateamos e ouvimos o que nos rodeia. Mas há mais: sentimos emoções, como ruídos assustadores ou cenas engraçadas, "sentimos" o vivo e o morto, e até podemos "farejar" o perigo ! E assim, entramos na Pedagogia da Descoberta, em que não descobrimos pelos conhecimentos teóricos adquiridos, mas sim pela pesquisa no terreno, pelo contacto com a Natureza, pelos estímulos que a observação direta nos oferece, com imediata interpretação pessoal. E tudo isto será objeto de uma discussão em grupo, em fase posterior, o que nos permite uma melhor compreensão do comportamento e interpretação de cada elemento do grupo, e até a modificar a nossa interpretação inicial, se for caso disso. E, comparando as várias interpretações, permite-nos uma nova compreensão do estudo efetuado, permitindo-nos aprender a redescobrir o que julgávamos considerar já descoberto. A educação ambiental é algo que vamos aprendendo naturalmente.
E, cada abordagem de um assunto, conduz-nos sempre a outra, e a mais outra, e assim sucessivamente. Quer isto dizer, que os estudos do ambiente são interdisciplinares, o que permite levar-nos , não só, ao processo da descoberta individual, mas igualmente à posterior discussão e interligação com outras perspetivas. E a Pedagogia da Descoberta tem sido aplicada e desenvolvida em Itália, Alemanha e Inglaterra. Neste último país, o diretor do Field Studies Council, Tony Thomas, segue um método que envolve cinco fases: Na primeira, o grupo dedica-se à descoberta do ambiente; Na segunda, discute-se o observado; A terceira, é dedicada ao estudo e investigação da informação recolhida; Na quarta, analisa-se a descoberta; e, por último, temos a fase de debate, com troca de informação e conclusão do estudo.
Em Portugal, o Jardim Botânico já está aplicando o sistema da Pedagogia da Descoberta, com um espaço exterior que permite a observação da Natureza a professores e alunos.
Jardim Botânico de Lisboa - Portugal
E porque não pensarmos num espaço aqui na região do Vale do Ave, para iniciarmos, também, este projeto, contribuindo para uma melhor observação e interpretação da Natureza? Será que temos gente capaz de arregaçar as mangas e meter mãos à obra ? Penso que as gentes do Norte são capazes de mostrar a sua "garra" e fazer avançar este projeto. Ficamos à espera!...
Jaime Vieira (paisagista e fitopatologista) Contactos: jaime.form@gmail.com
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